Nos dias 14/05 e 15/05, Prof. Dr. Leandro Duso -
Diretor da Regional Sul da Associação Brasileira de Ensino de Biologia
(SBEnBio) esteve na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro
Largo, RS ministrando uma Palestra sobre a história do Ensino de Biologia na
Região Sul e um Minicurso sobre as Controversas Sócios-cientificas, a atividade
foi desenvolvida por meio da semana Acadêmica de Biologia, mas o curso
formativo estendeu-se para toda área das Ciências da Natureza e suas
Tecnologias (CNT). Além disso, os integrantes do Grupo PETCiências realizaram
uma entrevista com o Professor abordando principais tópicos de sua fala.
Em que contexto o senhor se
viu como professor e porque decidiu ser professor?
O contexto é que eu não queria ser
professor, então uma amiga minha que foi fazer uma especialização fora e deixou
uma aula pronta para eu substituir ela em sala de aula, e ela disse: "você
não precisa fazer nada", ai na primeira aula eu fiz isso, na segunda eu vi que os alunos estavam
agitados e eu fui ministrar uma aula do conteúdo de maneira diferente só que houve
um retorno dos alunos então resolvi me especializar.
O que levou você a trabalhar com essa temática das controvérsias e a partir
de que momento, elas entram no seu fazer docente?
É verdade que quando eu
trabalhava na escola eu não tive essa formação de que é controversa adição de
termos, a gente começou a fazer por meio de projetos interdisciplinares na
escola e eu não pretendia fazer mestrado e nem doutorado. E uma das perguntas que
eu tinha era: Será que esses projetos estão favorecendo a aprendizagem dos alunos?
E aí então eu resolvi fazer o mestrado sobre a questão dos projetos para
analisar mesmo, se tinha vantagem trabalhar com projetos ou não. E, a partir
daí a gente trabalhava com temas polêmicos ou temas controversos, e, só depois,
então acabei aprofundando para levar isso de retorno para escola.
Tratando dos temas controversos na escola e os como poderíamos trabalhar
com eles, que estratégias os professores da escola poderiam usar para trabalhar
sobre as temáticas controversas que existem no ensino dos conteúdos:
Eu não tenho uma receita pronta,
mas tem os princípios para trabalhar isso, primeiro a investigação a partir da
pesquisa possibilita um ponto de vista diferente que a gente chama de
controvérsia controlada, até o Professor Álvaro Chrispino do Instituto Federal
do Rio de Janeiro, faz isso com os professores do município do Divino Espírito
Santo. Então, primeiro o aluno elege uma controvérsia, parte deles a temática e
então tem vários elementos que são colocados e partir daí ele vai pesquisar
sobre essa conversa. Buscando em diferentes atores sociais e nos diferentes
grupos: Qual é o posicionamento dele em relação àquela conversa. A ideia é que
um tema controverso mobilize os alunos e que a maioria deles façam a pesquisa com os
diferentes atores e tragam isso numa discussão para ter uma tomada de decisão.
Quais as principais fatores que dificultam trabalhar os temas
controversos em sala de aula?
É questão de levar em
consideração apenas os conteúdos científicos propriamente ditos isso porque se
for trabalhar com controversa não vai ser em uma aula que tu vai ministrar o
conceito, tu vai precisar de uma
organização maior de aulas para poder fazer essa discussão. E, outro que
precisa de outros professores de outras áreas para estar colaborando, pois a
formação do coletivo de Professores deve estar apoiando essas discussões. Por
exemplo: hoje teria professores de
história, português e arte para fazer essa discussão. Pois, as vezes, parece
que a responsabilidade sempre é da Biologia na Ciência. Mas, as outras áreas ajudariam
fazer esse processo de coordenação e discussão. Então, uma das questões que dificultam trabalhar os temas controversos
é a formação fragmentada e linear e a falta no espaço coletivo de um grupo de
trabalho com outras áreas de conhecimento nas escolas.
Sobre SBEnBio, como que as pessoas têm visto a associação ? Qual é a visibilidade dela?
No geral é um desafio
nosso chegar na graduação e na educação básica, a gente tem muita visibilidade
com os pesquisadores da área e não tem
com os alunos de graduação e pouca nos
Institutos Federais e com os professores Educação Básica. Então, esse é um desafio
que temos, as pessoas até não conhecem essa questão e os pesquisadores que
estão envolvidos acabam então ajudando no processo de disseminação mas não tem
a questão da importância que parece que fica só relacionado a desconto em
evento mas não a sociedade que busca se posicionar e defender os critérios dentro
da área do ensino de Biologia.
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